Após ver a repercussão de seu look nas redes sociais, Caroline contou que há uma “ideologia” em suas roupas e na repetição dela. Abriu o jogo também sobre a sociedade e como sofre com a ansiedade. Confira o relato completo da participante abaixo, na íntegra: “Jovens, estou recebendo várias menções no Twitter sobre sempre usar as mesmas roupas, e acho legal compartilhar com vocês a ideologia por trás disso, pois este estilo de vida vai muito mais além das minhas vestimentas. Com uma infância/adolescência um tanto quanto clichê, a TV sempre teve grande influência na minha formação sociológica. Cresci acreditando que a sociedade só me aceitaria se eu estivesse dentro do “peso ideal”, se eu estivesse com os cabelos lindos e sedosos, e também acreditava que só seria aceita se estivesse bem vestida e bem calçada. Assim foi ditado, também, os meus 20 anos. Chapinha nos cabelos toda manhã para ir a faculdade. Maquiagem para esconder as olheiras. Unhas pintadas e cutículas aparadas. Dieta 24 horas por dia. E as roupas? Sapatos? Mesmo vivendo com pouco durante a faculdade, sempre achava uma forma de comprar roupas novas a cada visita ao shopping. Cartão Marisa: check! Cartão C&A: check! Cartão Renner: check! Inúmeros carnês de lojas populares, típicas de centrão de cidade do interior. Durante o mestrado, ganhando um pouquinho a mais, dá-lhe quimica nos cabelos para alisa-los, dá-lhe dietas, dá-lhe liquidação de lojas populares. Afinal, pra quê apenas 1 casaco se podemos comprar 7 casacos, e dividir tudo em 10 parcelas, para aproveitar aquele frio entorpecente do inverno em Rio Claro (mínima 30 graus)?! No doutorado mudei para uma cidade maior, amigos diferentes, ambiente diferente, pagamento maior, e como acreditava que o meu valor era ditado pela minha aparência: dá-lhe mega hair nos cabelos, dá-lhe mais dietas, dá-lhe Carmem Steffens, dá-lhe Mr. Office, dá-lhe Zara. Cartão de crédito sempre estourado. Sempre sem dinheiro. Viagem com os amigos? Não posso. Dinheiro para um bom vinho? Não tenho. Tickets para assistir show das minha bandas favoritas? Não posso comprar. Dinheiro para comer em um bom restaurante? Não tenho.
Artigo
Culto Ao Corpo E À Imagem
Após críticas, participante do Masterchef emociona ao contar o porquê de usar sempre a mesma roupa
Após ver a repercussão de seu look nas redes sociais, Caroline contou que há uma “ideologia” em suas roupas e na repetição dela. Abriu o jogo também sobre a sociedade e como sofre com a ansiedade. Confira o relato completo da participante abaixo, na íntegra: “Jovens, estou recebendo várias menções no Twitter sobre sempre usar as mesmas roupas, e acho legal compartilhar com vocês a ideologia por trás disso, pois este estilo de vida vai muito mais além das minhas vestimentas. Com uma infância/adolescência um tanto quanto clichê, a TV sempre teve grande influência na minha formação sociológica. Cresci acreditando que a sociedade só me aceitaria se eu estivesse dentro do “peso ideal”, se eu estivesse com os cabelos lindos e sedosos, e também acreditava que só seria aceita se estivesse bem vestida e bem calçada. Assim foi ditado, também, os meus 20 anos. Chapinha nos cabelos toda manhã para ir a faculdade. Maquiagem para esconder as olheiras. Unhas pintadas e cutículas aparadas. Dieta 24 horas por dia. E as roupas? Sapatos? Mesmo vivendo com pouco durante a faculdade, sempre achava uma forma de comprar roupas novas a cada visita ao shopping. Cartão Marisa: check! Cartão C&A: check! Cartão Renner: check! Inúmeros carnês de lojas populares, típicas de centrão de cidade do interior. Durante o mestrado, ganhando um pouquinho a mais, dá-lhe quimica nos cabelos para alisa-los, dá-lhe dietas, dá-lhe liquidação de lojas populares. Afinal, pra quê apenas 1 casaco se podemos comprar 7 casacos, e dividir tudo em 10 parcelas, para aproveitar aquele frio entorpecente do inverno em Rio Claro (mínima 30 graus)?! No doutorado mudei para uma cidade maior, amigos diferentes, ambiente diferente, pagamento maior, e como acreditava que o meu valor era ditado pela minha aparência: dá-lhe mega hair nos cabelos, dá-lhe mais dietas, dá-lhe Carmem Steffens, dá-lhe Mr. Office, dá-lhe Zara. Cartão de crédito sempre estourado. Sempre sem dinheiro. Viagem com os amigos? Não posso. Dinheiro para um bom vinho? Não tenho. Tickets para assistir show das minha bandas favoritas? Não posso comprar. Dinheiro para comer em um bom restaurante? Não tenho.
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